quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O mercado de filmes piratas na China



Os chineses adoram filmes. Tanto que a pirataria corre solta pelo país, em um nível muito maior que o do Brasil. Lá você pode comprar praticamente qualquer longa-metragem em versão "não oficial" – com capinha impressa profissionalmente e um DVD silver (daqueles gravados industrialmente).

A média de preços é entre oito e 10 yuans, uns R$ 2, R$ 2,50. Para tentar combater esse mercado, as distribuidoras adotaram um padrão que funcionou bem: o dos VCDs. Os filmes são vendidos oficialmente em CDs, que têm produção e custos mais baratos que os DVDs. Você pode comprar versões oficiais de filmes como Cidade de Deus por US$ 2.



A qualidade não é tão boa quanto a dos DVDs, mas é parecida com a dos downloads de internet. Aparentemente a tática funcionou: as lojas estão recheadas de VCDs e todos os lançamentos saem nesse formato.

Chinglish e venda no supermercado

A pirataria é tão descarada que você compra cópias piratas, em DVD, de filmes clássicos no supermercado local. E não em qualquer um, mas em redes grandes como a francesa Carrefour. Os filmes clássicos – supostamente "com direitos autorais expirados" – são o alvo principal. Esses discos são vendidos por cinco yuans, mais ou menos R$ 1!

E é aí que entra a "esperteza": mesmo que esses filmes não tivessem direitos autorais válidos, as edições feitas por outras empresas – incluindo restaurações, legendas e capas – teriam. Na China a lei é maleável. Dá para encontrar DVDs que têm a capa da norte-americana Criterion Collection, citando nominalmente a empresa, sem pudor.



"Eu evitaria esses piratas", diz Jon Mulvaney, da Criterion, por e-mail. "Muitos pirateiros alegam estar vendendo 'versões asiáticas' da Criterion, mas nossos DVDs só têm direito de publicação na região 1, que é relativa aos EUA. Não há a menor chance desses discos serem oficiais."

Entrando em lojas especializadas em filmes você também não tem dificuldades em encontrar coleções completíssimas de Charlie Chaplin, Marilyn Monroe, Ingmar Bergman, Alfred Hitchcock, Akira Kurosawa e uma infinidade de outros. Os DVDs e suas embalagens nem sempre são perfeitos, como mostra a imagem da capa de A King in New York, reproduzida abaixo.



Novidades

Durante os Jogos Olímpicos o governo conseguiu tirar das ruas os vendedores especializados em gravar os filmes no cinema e lançá-los no mercado negro dos DVDs piratas, mas logo depois Pequim voltou a ser o paraíso desse tipo de pirataria.

Um filme que ainda está em cartaz custa mais ou menos R$ 2. Pode ser um blockbuster norte-americano (o novo Batman é um favorito local) ou produções locais (Red Cliff, de John Woo – mesmo tendo ganhado DVD oficial enquanto o longa estava nos cinemas – foi vítima desse tipo de comércio).

[Originalmente publicado no With Lasers, em 17 de setembro de 2008]

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